O projeto Teatrando em Campo Maior, da Fundação Cultural Professora Ludetana Araújo, contemplado pelo Edital Microprojetos do Semi-árido do BnB/Minc/Fundac com o prêmio de R$ 10.000,00 para a montagem da peça “A Balada do Caburé”, de autoria do dramaturgo campomaiorense Zeferino Alves Neto (ZAN), já está em fase de retomada dos ensaios interrompidos em maio passado, agora nas dependências da Fundação Cultural Ludetana Araújo. A estréia está prevista para dezembro deste ano. Reproduzimos aqui trechos da entrevista do Zan para o portal da Fundação Ludetana em fevereiro deste ano.
Pergunta – A peça é mesmo sobre o quê, sr. ZAN?
ZAN – A peça abrange um universo de referências que passam pela colonização do Piauí, pela batalha do Jenipapo e pela passagem da coluna Prestes por aqui... mas transita quase sem avisar, desses momentos históricos para cenas do cotidiano de qualquer lugar dum país de terceiro mundo nos dias de hoje, mostrando cenas de delinqüência juvenil, prostituição, mas sempre com um enfoque no lado farsesco, satírico e caricatural das situações e dos personagens só vagamente parecidos com os personagens históricos ou reais... Domingão pode ser um chefe de colonos que chegou por cá no século XVII trazendo gado e gente para povoar o espaço do que hoje é o Piauí ou um chefe de quadrilha de delinquentes juvenis ou um chefe político que recebe o comandante da Coluna Prestes... enfim, é uma brincadeira que eu faço com esses episódios históricos e esses personagens, que estão na peça não como eles eram ou aconteceram, mas como eu os caricaturei através de situações farsescas e satíricas...
Não é uma peça histórica, vou logo avisando pra não criar polêmicas inúteis... Eu não sou historiador (pelo menos quando escrevi e montar a peça aqui...), sou um dramaturgo que se permitiu criar situações que lembram vagamente personagens e situações históricas reais, mas pela ótica do humor e da gozação... tudo não passa de brincadeira de faz de conta pra, se possível, fazer as pessoas rirem e acharem que não estão rindo delas mesmo... um truque, na verdade, pra não provocar maiores reações... Os expectadores podem até achar a peça ruim ou sem pé nem cabeça, mas em alguns momentos elas rirão do que vai ser mostrado no palco e isso pra mim é o suficiente para não me sentir como um farsante que talvez seja... Rirão mas não como riem em shows de humoristas que fazem um tipo de humor que eu particularmente não gosto, o humor grosseiro e escrachado parecido com o dos programas de humor da televisão...
Pergunta – A peça é uma comédia, então?
ZAN – Eu não sou muito fã de rotular as coisas que eu faço, mas acredito que na peça só não tem drama... drama eu só suporto os da vida real, quando suporto... meu teatro tem mais humor do que outra coisa, mas não me considero um humorista... escrevo um tipo de humor para pretenciosamente tentar fazer as pessoas refletirem sobre o ridículo e o patético da condição humana e o absurdo do cotidiano... modestamente, me considero um seguidor de Samuel Becket... tenho um texto que é um quase pastiche becketiano, afirmo sem escrúpulos...
Pergunta – O título da peça foi inspirado em quê?
ZAN – Quando cheguei por aqui um dia ia andando numa rua em Teresina, uma pessoa me viu e falou pra outra:aquele velho aculá parece um caburé, com aquela barba e aquele cabelo branco... eu vinha lendo um livro muito interessante escrito pelo sobrinho do grande Francisco Pereira da Silva, Olavo Pereira da Silva Filho, uma história da arquitetura piauiense. Ali eu comecei a rascunhar na cabeça as primeiras cenas e personagens da peça. Depois li um livro do Adrião Neto sobre a geografia e história piauiense... Em outubro eu dei o ponto final no texto, que resulta de observações sobre falares, jeitos e costumes do povo daqui, falando ora num sotaque daqui ora num sotaque brasiliense que é um sotaque de todo mundo que chegou lá de todo lugar desde a construção... Balada tanto pode ser no sentido de estória, lenda, saga, como de balada noturna, sair pra balada, pra farra... Caburé é talvez um jovem piauiense de idade indefinida, que “vive” por aqui desde o século XVII, muito parecido comigo... Espero escrever mais duas peças ou mais até se acertar a mão e o público gostar, com o mesmo título... Caburé, no fundo e na cara, na cabeça e no jeito, sou eu mesmo... não dá pra disfarçar...
Pergunta – E o elenco, são atores sem experiência, gente daqui?
ZAN – No elenco aproveitaremos uma parte do pessoal que trabalhou na peça Auto de Santo Antonio, convidaremos atores maduros que já têm experiência em teatro e selecionaremos mais outros quatorze atores entre pessoas sem experiência, para formar um grupo de 36 pessoas...
Pergunta – Qual a sua expectativa quanto à peça?
ZAN – A melhor possível, tem 99% de chances de ser um marco na história do teatro campomaiorense, sem nenhuma falsa modéstia... Tem os recursos, que não são muitos mas dá pra fazer algo decente, tem o apoio e tem o incentivo dos amigos e companheiros de trabalho... É arregaçar as mangas e trabalhar... em junho finalmente vou mostrar do que sou capaz de fazer como produtor, diretor e autor teatral... vou até fazer uma ponta como ator, sem nenhuma pretensão de roubar a cena, claro...
Pergunta – A peça é mesmo sobre o quê, sr. ZAN?
ZAN – A peça abrange um universo de referências que passam pela colonização do Piauí, pela batalha do Jenipapo e pela passagem da coluna Prestes por aqui... mas transita quase sem avisar, desses momentos históricos para cenas do cotidiano de qualquer lugar dum país de terceiro mundo nos dias de hoje, mostrando cenas de delinqüência juvenil, prostituição, mas sempre com um enfoque no lado farsesco, satírico e caricatural das situações e dos personagens só vagamente parecidos com os personagens históricos ou reais... Domingão pode ser um chefe de colonos que chegou por cá no século XVII trazendo gado e gente para povoar o espaço do que hoje é o Piauí ou um chefe de quadrilha de delinquentes juvenis ou um chefe político que recebe o comandante da Coluna Prestes... enfim, é uma brincadeira que eu faço com esses episódios históricos e esses personagens, que estão na peça não como eles eram ou aconteceram, mas como eu os caricaturei através de situações farsescas e satíricas...
Não é uma peça histórica, vou logo avisando pra não criar polêmicas inúteis... Eu não sou historiador (pelo menos quando escrevi e montar a peça aqui...), sou um dramaturgo que se permitiu criar situações que lembram vagamente personagens e situações históricas reais, mas pela ótica do humor e da gozação... tudo não passa de brincadeira de faz de conta pra, se possível, fazer as pessoas rirem e acharem que não estão rindo delas mesmo... um truque, na verdade, pra não provocar maiores reações... Os expectadores podem até achar a peça ruim ou sem pé nem cabeça, mas em alguns momentos elas rirão do que vai ser mostrado no palco e isso pra mim é o suficiente para não me sentir como um farsante que talvez seja... Rirão mas não como riem em shows de humoristas que fazem um tipo de humor que eu particularmente não gosto, o humor grosseiro e escrachado parecido com o dos programas de humor da televisão...
Pergunta – A peça é uma comédia, então?
ZAN – Eu não sou muito fã de rotular as coisas que eu faço, mas acredito que na peça só não tem drama... drama eu só suporto os da vida real, quando suporto... meu teatro tem mais humor do que outra coisa, mas não me considero um humorista... escrevo um tipo de humor para pretenciosamente tentar fazer as pessoas refletirem sobre o ridículo e o patético da condição humana e o absurdo do cotidiano... modestamente, me considero um seguidor de Samuel Becket... tenho um texto que é um quase pastiche becketiano, afirmo sem escrúpulos...
Pergunta – O título da peça foi inspirado em quê?
ZAN – Quando cheguei por aqui um dia ia andando numa rua em Teresina, uma pessoa me viu e falou pra outra:aquele velho aculá parece um caburé, com aquela barba e aquele cabelo branco... eu vinha lendo um livro muito interessante escrito pelo sobrinho do grande Francisco Pereira da Silva, Olavo Pereira da Silva Filho, uma história da arquitetura piauiense. Ali eu comecei a rascunhar na cabeça as primeiras cenas e personagens da peça. Depois li um livro do Adrião Neto sobre a geografia e história piauiense... Em outubro eu dei o ponto final no texto, que resulta de observações sobre falares, jeitos e costumes do povo daqui, falando ora num sotaque daqui ora num sotaque brasiliense que é um sotaque de todo mundo que chegou lá de todo lugar desde a construção... Balada tanto pode ser no sentido de estória, lenda, saga, como de balada noturna, sair pra balada, pra farra... Caburé é talvez um jovem piauiense de idade indefinida, que “vive” por aqui desde o século XVII, muito parecido comigo... Espero escrever mais duas peças ou mais até se acertar a mão e o público gostar, com o mesmo título... Caburé, no fundo e na cara, na cabeça e no jeito, sou eu mesmo... não dá pra disfarçar...
Pergunta – E o elenco, são atores sem experiência, gente daqui?
ZAN – No elenco aproveitaremos uma parte do pessoal que trabalhou na peça Auto de Santo Antonio, convidaremos atores maduros que já têm experiência em teatro e selecionaremos mais outros quatorze atores entre pessoas sem experiência, para formar um grupo de 36 pessoas...
Pergunta – Qual a sua expectativa quanto à peça?
ZAN – A melhor possível, tem 99% de chances de ser um marco na história do teatro campomaiorense, sem nenhuma falsa modéstia... Tem os recursos, que não são muitos mas dá pra fazer algo decente, tem o apoio e tem o incentivo dos amigos e companheiros de trabalho... É arregaçar as mangas e trabalhar... em junho finalmente vou mostrar do que sou capaz de fazer como produtor, diretor e autor teatral... vou até fazer uma ponta como ator, sem nenhuma pretensão de roubar a cena, claro...
FUNDAÇÃO LUDETANA E DO ELENCO DA PEÇA, APAREÇA LÁ AOS SÁBADOS, ÀS DEZOITO HORAS. A FUNDAÇÃO FICA NA RUA BENJAMIN CONSTANT, 1192, CENTRO. AS OFICINAS SÃO GRATUITAS.
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