domingo, 28 de junho de 2009

A SOLUÇÃO É BLOGAR, MEUS IRMÃOS...

"Sobrevivi a dois webdesigner, com essa cara..."

Quem ainda insiste em ir no Sitedozan, encontra lá um recado onde humildemente reconheço que fui incompetente no trato com essa figura chave no processo de fazer um site, que é o webdesigner e digo claramente que desisti temporariamente do site em função disso. Com a ajuda do meu irmãozinho Netto de Deus, ele mesmo, que dá conta de fazer três blogs (bitorocara, jenipaponews e picinez) estou aqui ocupando esse espaço onde segundo ele, é mais fácil para leigos nas artes informáticas, postarmos nossas matérias. Com a ajuda dele, e com um pouco mais de humildade, pretendo fazer aqui mais ou menos o que gostaria de fazer lá. Se vou conseguir isso, só o tempo dirá. Se depender do Netto, conseguirei, diz ele. Vamos nessa. (ZAN)

OS SOCIALISTA MOSTRAM SUAS ARMAS



Aconteceu no auditório da Secretaria Municipal de Educação da cidade, no sábado 27 deste mês o encontro regional do Partido Socialista do Brasil (PSB), com a presença do Presidente do Diretório Estadual do Partido, vice-governador Wilson Martins, deputada estadual Lilian Martins, ex-prefeito Marcos Bona, deputado estadual Wilson Brandão, prefeitos e vereadores de municípios vizinhos, representantes de outros partidos de esquerda, entre eles o deputado Paulo Martins do PT de Campo Maior e militantes. A palavra de ordem foi o apoio à decisão de acatar o que for decidido sobre candidaturas ao governo estadual e federal, que atendam aos interesses de todos os partidos da base aliada.

sábado, 27 de junho de 2009

Michael Jackson ainda resiste porque além de branco ficou triste

Esta frase está na letra de uma música de Gilberto Gil onde fala de Bob Dylan e Bob Marley. Gil é um fraseiro de primeira e eu o escuto por horas a fios num sonzinho fajuto que tenho aqui em casa, de um disco de MP3 comprado a 3 reais num camelô de rua em Teresina. É um pouco o resumo de como o gênio bahiano vê a decadência do gênio americano. A overdose do que a mídia expôe exorcisando a morte de Michael nos faz esquecer o quanto em dez anos ou mais o extraordinário garoto que nunca teve infância, que misturava tanto fantasia com realidade que caiu nas armadilha da maldade humano que o tachou de pedófilo, quando ele só gostava de crianças porque como criança só se sentia bem no meio delas. Me lembro ironicamente da frase de outro gênio que de tão bom e puro foi crucificado porque teve a suprema audácia de querer salvar a humanidade, Jesus Cristo:"Vinde a mim as criançinhas". Claro que vocês vão rir dessa ingênua idéia de que se possa gostar de crianças e querer dormir com elas, sem que isso não signifique sexo. A ingenuidade do garoto Michael Jackson o expôs a isso. Como expõe à paranóia que impede qualquer adulto hoje se aproximar de uma criança sem que seja por interesse sexual. É o que virou o mundo. Mundo que Michael Jackson deixa sem saudades, por certo. Parafraseando o poeta Drumond, poderia dizer, vai anjo torto pousar teus pés mágico de tua coreografia desvairada, num mundo menos impuro, vai... (ZAN)

terça-feira, 23 de junho de 2009

SARNEY É O BOI DE PIRANHA DA VEZ


Os escândalos políticos se repetem com uma sincronicidade interessante.
Há dois anos mais ou menos foi o escândalo envolvendo o senador Renan Calheiros, que teve um relacionamento seu com uma jornalista exposto e suas vísceras reviradas em horário nobre, ao vivo e a cores. Agora é a vez do magnânimo Zébigode... A coincidência é que os dois chegaram à presidência do senado com apoio direto ou indireto do Palácio do Planalto (tudo bem, o candidato do PT perdeu pra ele, mas ZéBigode é homem da confiança do Lula, não é à toa que pediu clemência pra ele, como pediu clemência pra Renan, enfim Lula sabe muito bem o que está por trás dessas campanhas contra os presidentes do senado, como se a Globo não tivesse nada a ver com o falecido Malvadeza, nem com todos os ex-presidentes do senado que, claro, todo mundo sabe, não têm nada a ver com esses escândalos do dia, que, claro, todo mundo sabe, são de ontem e serão de amanhã...) Dá vertigem ver a cara do Alexandre Garcia “batendo” sem dó nem piedade nesses pobres “cachorros mortos”, como se ele e a Globo não tivessem nada a ver com nenhum tipo de corrupção acontecida nesse país nos últimos quantos anos mesmos? Façam as contas aí... Dá pra imaginar que esses escândalos aí são pura invenção de Lula e do PT, porque a nossa direitona velha de guerra se chama mesmo na intimidade é IMACULADA... e jura por todos os demônios que foi o PT e esquerda que inventaram a maldita da corrupção nesse santo desse país... O resto, infelizmente, é diatribe alexandregarciana pra enganar trouxa. Ou não? (ZAN)

segunda-feira, 22 de junho de 2009

PREPAREM-SE PARA NOVOS VÔOS...

Consegui chegar aqui e parece que agora a coisa vai... Já consegui postar um texto e uma foto sem a ajuda do Netto. Ainda estou chupando os textos e fotos que estavam no sitedozan, que eu provisioriamente deixo de mão pelas razões lá e aqui explicadas. Quem não leu aqueles conteúdos lá, leia aqui, se lhes apetecer. Netto me diz sinceramente que meu texto é meio pesado. Vou tentar faze-lo, como texto, mais leve... Aprendendo também a ilustrá-lo com fotos e outros recursos que aos poucos dominarei (espero...)

PEQUENA AJUDA DE UM GRANDE AMIGO

Netto esteve aqui de manhã no aparelho e me deu as dicas e pegou na minha mão pra eu dar os primeiros clicks rumo a este blogdozancm. Depois que ele saiu já consegui postar um texto e uma foto. Ainda estou muito inseguro mas acho que vou chegar lá. Chupando muita coisa que esteve no sitedozan e ficou meio congelado por aqueles problemas lá que inviabilizaram aquele projeto. Enfim, não adianta ficar chorando as pitangas apodrecidas. Tem que ir em frente e se imaginar capaz de fazer o que queria lá, aqui. A foto que ilustra esse textinho foi uma das que tirei quando encontrei o Netto no dia da procissão da bandeira do pau do santo. A Maria José Lopes tava lá e foi testemunha da nossa euforia quando enfim nos vimos um frente ao outro depois de pelo menos um ano de troca quase diária de e-mails.

EDILSON:A ANATEL TÁ ACABANDO COM AS RÁDIO EM CAMPO MAIOR

Zan - Edílson, ultimamente a Anatel tem fechado quase todas as rádios em Campo Maior. Qual a dificuldade de por no ar uma rádio legal, sem risco de ser fechada?
Edilson – Em primeiro, o custo é elevado, a manutenção de uma rádio comercial, existem rádio comerciais e rádios comunitárias, a rádio comercial tem toda uma estrutura de impostos, de pessoal, a rádio comunitária é o contrário, a estrutura é bem menor, o pessoal geralmente trabalha mais por hobby, os poucos que trabalham ganhando algum recursos é apenas a questão da manutenção e há um disparate muito grande entre a rádio comercial e a rádio comunitária, pra se obter a licença de uma rádio comercial também é muito difícil, é preciso, em ambos os casos, tanto da rádio comercial como da rádio comunitária, é preciso ter um cacife e também um cacife econômico, principalmente na rádio comercial, a rádio comunitária, não, tem que ter cacife político. Infelizmente, nosso país ainda não avançou nesta área e a gente contava muito que quando o PT assumisse, nós tivemos uma mudança extraordinária, na questão social, na questão econômica, mas na questão da comunicação ainda não tivemos avanço, o PT está nos devendo isso, até porque nós trabalhamos pra que o PT chegasse aonde está, então nós estamos cobrando do Presidente da República, o nosso governador, do governador do estado do Piauí tem sido muito solidário com as rádios comunitárias, ele prioriza tanto as rádios comerciais como também as rádios comunitárias, todas as rádios comunitárias do Piauí temos também a oportunidade de disputar a verba de propaganda do governo do estado, o governador do estado tem feito a sua parte, o Piauí é o único estado que tem uma política voltada para as rádios comunitárias, agora está faltando é o Presidente da República, que é uma pessoa que a gente tem como muito coerente, muito inteligente, se voltar um pouco para a questão da comunicação, foi realmente as rádios comunitárias que elegeram o Presidente Lula, que deu a ele um nome, um respaldo, que deu a ele a chance de ser o maior presidente deste país, está faltando uma ação maior através do Presidente, porque eu mesmo, Edílson Araújo, já mandei comunicados ao Presidente da República, solicitando a concessão da rádio comunitária Carnaúba FM e a resposta que eu obtive foi da assessoria dele, que me mandaram esperar, “esperem a nossa resposta”, mas a resposta até hoje ainda não chegou.
Zan – E sua rádio foi fechada?
Edilson – Já, já pela segunda vez, a primeira vez em 2005, no último dia do ano, nós estávamos distribuindo cestas de alimentos, a gente faz uma ação social no final do ano, dezembro, na parte do Natal, nossa família se une, a gente faz um tipo de atividade pra ajudar as pessoas, graças a Deus nós é dada a oportunidade de viver bem, de ganhar alguma coisa, de conquistar, de ter vitórias, e a gente tenta pelo menos dividir um pouquinho, é só um dia? É, mas é um dia que a gente faz a alegria das pessoas que, infelizmente esse país tem muita, gente que vive abaixo da linha da pobreza, gente que está passando dificuldade, tem necessidade que não são supridas ainda, com a condição que o Brasil vive...
Zan – Sua rádio então, está fora do ar?
Edilson – É, neste momento está fora do ar, nós estamos no mês de abril, desde o dia 22 de abril, nós estamos fora do ar porque a Anatel esteve aqui e ter levado parte dos nossos equipamentos, a primeira vez que levou foi um equipamento bem caro e a gente não conseguiu repor mais esse equipamento e a segunda vez, aliás é a terceira vez que leva equipamento daqui, a segunda vez foi um outro transmissor de dois mil e quinhentos e cinqüenta reais, e agora levou o nosso link, um link e um gerador de estéreo e nós ficamos um pouco debilitado mas eu acredito o seguinte: nós vamos completar oito anos, oito anos que nós estamos na luta, não só nós, mas temos algumas coirmãs que estão na luta há alguns anos, mas vamos esperar que aconteça coisa alguma coisa, sei lá, que a aconteça alguma coisa capaz de gerar a licença das rádios comunitárias.
Zan – Quais eram os serviços comunitários que a sua rádio Carnaúba FM prestava à comunidade campomaiorense?
Edilson – Olha, além dos programas que na minha visão são mais comunitários que já pude observar, nós temos por exemplo, um programa de crianças, que foi inclusive premiado pelo Ministério da Cultura e que inclusive recebeu um elogio público do governador do estado Wellington Dias por esse premio, mostrando que essa rádio tem essa conceituação comunitária, essa ação comunitária, nós temos aqui o programa Abolição, que você até participou desse programa, é um programa voltado para várias temáticas da cidade, os problemas, o programa Abolição é um nome muito forte, que é pra abolir o que a gente vê que não está muito legal, que precisa mudar, nós temos os jornais da rádio, que são os jornais também comunitários, onde a população faz seus reclamos, seus elogios, onde há uma participação mais efetiva da população, nós temos os programas diários, que são os programas dentro da área comunitária, nós temos o Nossa Gente Nossos Talentos, que é um programa que toca as músicas de nossos cantores de nossas bandas, só locais, e nós temos também um programa de forró, produzido aqui mesmo ao vivo, aos domingos, transmitido das 6 às nove da noite, todo domingos temos aquele forrozinho pé de serra, ao vivo, eu acho que as ações da rádio, também na questão da colaboração, quando a cidade está com problemas, as pessoas correm pras rádios, principalmente pra esta aqui, esta aqui tem feito esse trabalho de solicitação de ajuda a populares, é o caso da enchente do ano passado, 2008, a rádio teve um papel importante, não só esta rádio aqui, acredito que todas as outras tiveram fazendo a busca de ajuda, alertando, inclusive esta aqui foi a primeira rádio a alertar pras enchentes, nós temos nosso jornalista que faz o jornal, o Deri Sousa, foi ele que veio aqui à rádio pedir ajuda, sabendo a gravidade das enchentes do ano passado, pediu ajuda, alguém que tivesse um caminhão, um carro, perto, que pudesse carregar algumas coisas, das pessoas que tinham as casas alagadas naquele momento.
Edilson – Este ano está correndo risco de acontecer a mesma coisa?
Edilson – É, o risco total talvez, não, porque as chuvas, elas acontecem à noite, nesse período agora, nesse inverno desse ano, acho que tem sido um inverno até educado, temos tido alguns pequenos problemas, mas pelo que eu estou vendo não vai acontecer a mesma coisa do ano passado, porque, o que é que está acontecendo? durante o dia temos um sol bem escaldante, é o tempo que evapora um pouco a água que cai na noite, durante a noite tem chovido bastante, e eu acredito que com essa forma, durante o dia ser um sol escaldante e durante a noite chovendo, não vai dar pra ter enchente, se der enchente vai ser pequeno foco, como temos ali no bairro Califórnia, um pouco aqui no bairro Cariri e no um pouco ali no bairro Santa Cruz, onde nós temos um rio ali chamado Pintadas, não sei se você lembra, tem o Buraco do Capitão, que nunca mais eu tinha andado por lá e eu passei por lá e vi tinha uns meninos tomando banho, eu lembrei da minha infância, da minha querida infância, onde eu também, a gente ia pra lá acampar, naquele tempo, o bairro não era tão povoado como é hoje, mas as águas limpas, até me admirei das águas estarem limpas porque quando a gente passa as águas são sujas, aquela coisa não muito boa da gente ver, mas as águas estavam limpas e correntes.
Zan – Edílson, eu te conheço pouco, mas pelo pouco que te conheço, você é um visionário, um sonhador, idealista, e além da rádio, você tem plano de por no ar uma televisão. Como você vai tentar fazer isso?
Edilson – Olha, as coisas estão mudando muito, a comunicação tecnológica, melhor dizendo, está cada dia se aperfeiçoando e facilitando a vida das pessoas, hoje é muito fácil você se comunicar com qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo, a internet possibilitou fusão, essa união, essa agregação, nós sempre sonhamos em ter essa área da comunicação, de ter uma rádio, a rádio está aqui, a rádio funciona e ela é está gerando todas as outras atividades, então nós temos a radio ponto com on line, a rádio Carnaúba, que é a www.CarnaubaFM.com, então nós temos a TV Carnaúba, que nós estamos aperfeiçoando para que ela possa, é Web, TV Web, Tv na Web, nós estamos aperfeiçoando para que ela possa também estar sendo disponibilizada às pessoas que elas possam acessar a tv através da internet, nós sabemos que as dificuldades são muito grandes aqui na nossa cidade de Campo Maior, onde menos de 3% da população tem internet, numa população de aproximadamente 50 mil pessoas, é muito pouco, aproximadamente mil e quinhentas pessoas, nós temos três provedores, este nosso aqui talvez seja o maior, o CarnaúbaNet.
Zan – Então a tv que você imagina é um tv web, vai ser lançada na internet?
Edilson – É, nós queremos ter uma tv comunitária, mas aberta, como a Globo, o SBT, só que local, não temos a pretensão de passar dos limítrofes da nossa cidade, meu sonho é aqui dentro, se puder sair pra mais distante a gente vai, mas primeiro minha população aqui de minha cidade de Campo Maior, porque é por ela que eu luto, meus ideais são baseados aqui, até pelas minhas raízes, sempre quis que Campo Maior pudesse ter a oportunidade também de produzir filmes, como você é um teatrólogo, um roteirista de cinema, a gente quem sabe pode até começar a realizar esse sonho de ter aqui, unindo o útil ao agradável, que é a tv na web disponibilizando nossos roteiros filmados, produzidos aqui, é ter uma tv comunitária aqui, é ter uma rádio comunitária funcionando, ou seja é ter uma cadeia de comunicação funcionando, permitindo as pessoas a terem acesso, não é o Edílson Araújo, que queira pra mim, eu quero poder dirigir, poder trabalhar, proporcionar às pessoas a oportunidade de ter uma tv aberta, onde você pode chegar, fazer seus debates, mostrar a sua arte, mostrar suas idéias, seu talento, é mais ou menos isso que é meu sonho, o recurso é mais complicado, mas se a gente tiver, o resto é mais fácil pra gente disponibilizar, conseguir, melhor dizendo.
Zan – Edílson, a Ong que você dirige, a Fundação Cultural Professora Ludetana Araújo, foi contemplada com um prêmio do Ministério da Cultura que lhe possibilitará transformar-se em Ponto de Cultura. O que será feito com esses recursos?
Edilson – Olha, nós estamos vendo a questão da capacitação. São recursos de 180 mil reais, desses 180 mil reais, trinta e cinco mil reais é pra gasto com pessoal e outras coisas mais, eu não lembro aqui de cabeça, o restante é pra questão da capacitação...Vamos poder trabalhar...
Zan – Capacitação em que áreas?
Edilson – São várias áreas, inclusive a gente pode pensar na área de teatro, de cinema, porque nós deixamos também uma parte em aberto, nós mandamos a maior parte planejada, mas deixamos uma parte aberta, então a gente poderia fazer um novo direcionamento, contanto que não fugisse do projeto original, e também da situação que é a aceitação da Fundac, a Fundação Cultural do Piauí, que são eles que vão disponibilizar esses recursos através do governo federal e o governo do estado. Então, nós trabalhamos muito a questão do planejamento, pela questão da capacitação, são várias atividades que estão lá planejadas, a primeira foi a cerâmica decorativa, que não tem na cidade de Campo Maior, mas que nós temos que implantar, até porque temos uma BR que passa praticamente pelo centro da cidade e nós temos que produzir ali para os nossos turistas, que estão circulando aqui diariamente pela nossa cidade através da BR. Nós temos a sorte de ter a sede de nossa Ong ali praticamente ao lado da BR, ao mesmo tempo disponibilizar esses produtos bem ao lado da BR, a pessoa só faz entrar e comprar os produtos com facilidade.
Zan – Você tem idéia de quando começa a funcionar esse programa?
Edilson – Olha, já era pra ter sido iniciada, mas não sei o que aconteceu lá na Fundac, que eles não puderam liberar os recursos. Na verdade eu estou até achando bom por uma questão: nós ainda estamos terminando a base da fundação, porque estamos fazendo a reforma do espaço físico para que ele fique adequado, nós temos duas intenções lá: uma é uma sala de capacitação, que falta pouca coisa pra ser concluída, e a outra é uma sala de certificação, com um cine-teatro, que é um sonho nosso também de ter um cinema em Campo Maior, eu acredito que você e outras pessoas mais em Campo Maior sonham um dia ter de volta um cinema, porque afinal uma sala de cinema, Zeferino, é algo assim que faça com a cidade seja atualizada com relação a cinema, não só do cinema brasileiro, mas do cinema internacional, seria muito bom se nós tivéssemos uma sala de exibição, pelo menos um cine-clube. Nós estamos inclusive participando dum projeto do Ministério da Cultura, chamado Cine Mais Cultura, onde, se nós formos agraciados, a Fundação está participando deste Edital, são cem iniciativas que serão premiadas no país. Se nós formos um dessas iniciativas, nós teremos a disponibilidade do Ministério da Cultura de mandar pra nós o material de exibição pra que a gente possa efetivar um cine-clube aqui pra Campo Maior...
Zan – Mas você está com dificuldade de concluir o aparelhamento desse espaço, não é isso?
Edílson – Na verdade, os recursos, tudo é nosso, a Fundação, ela não tem fins lucrativos, não tem como angariar esses recursos, a não ser doação de algum sócio ou pessoa simpatizante com nossas idéias, agora, nós temos que fazer por nossa conta, até porque a gente gosta de fazer cultura, a gente gosta de promover cultura, a gente gosta de ver a cidade ter um ambiente onde possa aperfeiçoar o ser humano, capacitar o ser humano, dar a ele uma chance de melhorar sua vida, sua qualidade de vida através de uma capacitação, de uma formação, é mais ou menos essa idéia de trabalhar a questão humana, a nossa entidade foi criada com esse intuito de poder ajudar o ser humano a desenvolver, a pode ter oportunidade de trabalhar mas com os pés no chão, nós estamos trabalhando em favor da dignidade humana, da promoção do indivíduo através de trabalhos educativos e culturais, esse é o lema maior da Fundação, garantir o direito do cidadão, tanto o coletivo como o individual, pra que ele possa ser respeitado na sua plenitude, esse é o objetivo maior de nossa fundação.
Zan – Você tem um provedor de internet na cidade, como é que funciona isso?
Edílson – Bem, o provedor já é nossa parte comercial, de onde a gente tira o nosso sustento, o sustento de nossa família, nós temos um sócio, esse provedor foi gerado a partir da rádio comunitária, que tinha a torre, e nós aproveitamos no início a torre da rádio comunitária, pra que pudéssemos implantar o canal de comunicação multimídia, Deus foi generoso conosco e nós conseguimos evoluir e hoje a CarnaúbaNet é uma empresa sólida, já tem sua própria torre, tem sua licença de SCM, que é uma licença muito complicada pra tirar, precisa de muito recurso, mas existe essa licença, já, aqui no Piauí somos uma das poucas empresas, talvez seja a quinta em todo o estado, só cinco empresas em todo estado têm essa licença própria SCM, a maioria das outras que estão operando aqui no Piauí alugam esta licença de outras empresas que têm licença própria, nós, não, nós temos a nossa própria licença e nós não ficamos temerosos hoje de qualquer fiscalização da Anatel, porque o nosso trabalho hoje está focado na questão da seriedade, da transparência, no respeito ao governo e também aos nossos clientes.
Zan – Edílson, a Fundação Cultural Professora Ludetana Araújo, que você dirige, é uma homenagem a uma sua irmã que é professora na área de meio ambiente. Ele vive e trabalha onde?
Edílson – A professora Ludetana Araújo, ela é pedagoga e doutoranda em meio ambiente, ela trabalha na Universidade Federal do Pará e faz também trabalhos adicionais para empresas, faz palestras no Brasil e é um nome já firmado pelo Brasil inteiro, é conhecida e respeitada porque participa de muitos congressos, eventos voltados para essa área de meio ambiente, ela está terminando o doutorado dela até o final do ano de 2009 e ela tem sido a irmã que mais ajuda a todos nós, é a irmã mais velha que nós temos, nós resolvemos então contemplá-la com o nome da fundação, nós fazemos tudo para que a gente possa honrá-la pela trabalho que ela desenvolve, até porque ela uma pessoa humanitária, pessoas humanitárias geralmente são pessoas desprovidas de egoísmos, de briga por dinheiro, então ela é uma pessoa muito humana, que luta pelo bem estar de todos nós e por causa disso a gente colocou o nome dela, numa tentativa de seguir seu exemplo, em respeito e em amor a ela é que nós estamos trabalhando pra que o nome dela seja visto, olhado, amado, respeitado, pelo trabalho que ela sempre desempenhou no mundo, ela veio pra esse mundo com uma beleza muito grande, uma beleza humana, toda família tem que ter, quer dizer, espero que tenha uma pessoa como a Ludetana, uma pessoa mais velha que se preocupa com todos os irmãos, com o pai, a mãe e com toda a família, com os parentes, quer dizer, a Ludetana não vê sexo, cor, e situação, ela quer contribuir para a pessoa possa se sentir melhor, fazer o bem sem olhar a quem, quando as pessoas querem saber como retribuir o que ela faz e diz pras pessoas ajudarem a quem lhe procura pedindo ajuda, fazer o bem dá como retribuição receber o bem.
Zan – Edílson, a Ong tem uma site na internet. Dê o endereço para que as possam acessar e conhecer mais os trabalhos que ela desenvolve.
Edílson – Na verdade, através da Ong nós temos três sites, nós temos o site da rádio Carnaúba.com, temos o site do Piteko, claro que tem botar antes www, e temos o site da fundação, que é www.fundaçãoludetana.com, agora este último site nós estamos ainda trabalhando nele, fazendo uma nova roupagem pra ele, mas ele ainda não está disponibilizado na internet, até porque nós estamos trabalhando essa questão do ponto de cultura, então como a Fundação se transformou num ponto de cultura, que hoje é uma parceria que o governo federal, o governo do Presidente Lula, criou, dando oportunidade para que as entidades da sociedade civil possam desenvolver um trabalho mais sério em favor do desenvolvimento cultural das comunidades através das Ongs, algumas atrapalham, sujam a imagem das outras, mas quem faz um trabalho sério, de capacitação e de valorização das pessoas, oportunizando meios de capacitarem elas para exercerem melhor suas atividades profissionais e artísticas, todo mundo se beneficia. Ponto de cultura é isso, é uma oportunidade para que as pessoas aperfeiçoem seus conhecimentos e mostrem seus talentos, pela retorno da geração de renda com seus trabalhos.
Zan – Edílson, você dirige aqui na cidade um programa de capacitação de jovens, o Pró-Jovem. Como funciona esse programa aqui na cidade de Campo Maior?
Edílson – Nós recebemos convite do deputado Paulo Martins, que nos convidou para dirigirmos essa programa na cidade, em função do trabalho cultural que desenvolvemos na cidade, para sermos o gestor, a frente do próprio Engerpi, programa de geração de renda do governo do Estado, também com a criação da Academia Campomaiorense de Letras e Artes, a ACALE, com a função de coordenarmos esse programa orientado para os jovens, no caso, o Pró-Jovem Trabalhador, são 240 vagas, divididas em turmas de 30 pessoas, são oito turmas, essas pessoas serão capacitadas em diversas áreas, são oito áreas, ou seja, oito área de atividades humanas: informática, manutenção de computadores, artesanato, comidas típicas, eletricista predial, secretariado, embelezamento e mecânicas de moto, são oito cursos que serão disponibilizados para jovens na faixa etária de dezoito a vinte e nove anos, as pessoas serão capacitadas em 350 horas/aulas, sendo 100 horas para capacitação social, com temáticas abertas e 250 horas na parte da prática profissional. Então depois desses cursos, esperamos que teremos 240 pessoas habilitadas nessas áreas, eu espero até contratar algumas dessas na área de comunicação multimídia para as nossas empresas, nós trabalhamos aqui com internet, na área de comunicação multimídia e quem sabe, aproveitaremos algumas pessoas...
Zan – Este programa então está sendo implementado?
Edílson – As aulas se iniciam agora no começo de maio, dia 4 de maio, tem início as aulas do Programa Pró Jovem Trabalhador aqui em Campo Maior...
Zan – Obrigado, Edílson.
Entrevista realizada em 23 de abril de 2009.

OLAVO PEREIRA DA SILVA FILHO:”A preservação de acervos arquitetônicos e urbanísticos é antes de tudo uma questão de relações sociais”.


Zan -Você nasceu em Campo Maior, não é isso? Viveu aqui até que idade?
Olavo- Sim, sou de Campo Maior e morei na Fazenda Rocio até por volta de 10 anos.
Zan - Quais as lembranças mais fortes que tem desse período?
Olavo - A casa, o campo e o rio Surubim.
Zan - Sua família viveu desde que geração na fazenda Rocio?
Olavo – Esse sítio, nos arredores da cidade, hoje área urbana, foi adquirido pelo meu avô e ali viveram minha mãe e todos os seus irmãos.
Zan - Quando saiu daqui e foi pra onde?
Olavo - De Campo Maior fomos para Teresina onde morei até 1964, quando fui para o Rio de Janeiro. Em 1968 fui morar em Belo Horizonte.
Zan - Depois de formado em arquitetura, viveu e trabalhou onde?
Olavo – Em 1973 fui trabalhar no Maranhão e no ano seguinte voltei para Belo Horizonte. Atuei no magistério por cinco anos e por 20 anos trabalhei no serviço público, - Fundação João Pinheiro, Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais e Ministério da Cultura. Depois passei a trabalhar como autônomo.
Zan -Você conviveu muito com seu tio Chico Pereira? Como era ele como pessoa?Como você o via como escritor?
Olavo – Convivi quando criança e mais tarde quando fui morar no Rio. Continuamente me incentivou e me despertou para o mundo das artes plásticas, ora em inúmeras visitas a museus e exposições, sempre com eloqüente análise, ora muito me presenteando com livros, materiais ou ainda aulas como as ministradas por Ivan Serpa, no Museu de Arte Moderna do Rio. Através dele conheci várias personagens da literatura, pintura e teatro, inclusive Anísio Medeiros, arquiteto piauiense, dedicado à cenografia teatral e com notáveis projetos arquitetônicos em Teresina. Aprendi muito com ele. Era uma pessoa cheia de projetos relacionados à temática nordestina. Apaixonado pelo teatro e com enorme bagagem literária. Um pesquisador incansável e de enorme criatividade. Era uma pessoa de grande sensibilidade de percepção.
Zan -Fale do interesse de sua família na criação de um Memorial Chico Pereira em Campo Maior e do interesse da Prefeitura na criação desse memorial.
Olavo – Soube dessa idéia, não sei exatamente de quem é essa iniciativa, nem como estaria sendo desenvolvida. Em todo caso, temos interesse nesse projeto e gostaríamos de participar do seu desenvolvimento.
Zan - Você voltou a morar no Piauí em 2007, o que lhe trouxe de volta ao Piauí, razões pessoais ou profissionais?
Olavo - Era um projeto antigo de mudar de endereço, atrelado a viabilização de serviços profissionais.
Zan -Você escreveu um livro sobre a arquitetura piauiense lançado o ano passado. Quando começou a pesquisar o assunto e qual foi a receptividade do livro?
Olavo – As primeiras anotações datam de 1969, mas se tratando de uma iniciativa independente, esse trabalho foi constantemente interrompido. A receptividade tem sido muito boa. Tenho recebido muitas manifestações da imprensa e de pesquisadores. Em 2008 recebi o Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, do Ministério da Cultura.
Zan - Você é especialista em restaurações de prédios e sítios arquitetônicos de valor histórico e cultural. Trabalha nessa área em algum projeto aqui no Piauí?Olavo – Em 2008 realizei cinco projetos para a preservação de centros históricos e restauração de monumentos no Piauí – Amarante, Campo Maior, Pedro II e Teresina, além de projetos de restauração de monumentos em Campinas e Parnaíba. Atualmente trabalho na restauração do sobrado Simplício Dias e Dona Auta ambos em Parnaíba e ainda em Oeiras. Além disso, acabei de fazer um trabalho sobre o Piauí para a Fundação Calouste Gulbenkian a ser publicada, intitulada: Patrimônio de origem portuguesa no mundo.
Zan -Campo Maior já tem uma lei que dispõe sobre prédios de valor histórico. Você conhece essa lei? Esse tipo de ação do poder público é importante para a preservação de sítios arquitetônicos de valor cultural?
Olavo - Conheço essa legislação, mas parece que não está em vigor. A preservação de acervos arquitetônicos e urbanísticos é antes de tudo uma questão de relações sociais. Mas, na nossa cultura, os dispositivos legais, quando bem elaborados são instrumentos indispensáveis para o resgate e valorização desses bens. É nesse sentido que o IPHAN vem atuando em busca de resgatar nossas tradições e valorizar empreendimentos culturais em que se inserem a restauração de acervos arquitetônicos e urbanísticos. Por isso o trabalho realizado recentemente em Campo Maior e que pretendemos apresentar à comunidade local, como já feito noutras cidades históricas.

O MILAGRE DO AUTO DE SANTO ANTONIO

A idéia baixou em minha cabeça em meados do ano passado, mas ou menos, um ano atrás. Comecei a escrever o texto. Em novembro, mais ou menos, fiquei sabendo de um edital da Fundac do Piauí, em que poderia mandar um projeto para a montagem de um espetáculo teatral. No último dia do prazo o meu projeto chegou ao destinatário. O resultado do edital era pra ter saído em 24 de dezembro do ano passado. Veio a sair em abril deste ano. Meu projeto não foi aprovado por razões que eu tento explicar numa entrevista que saiu no sitedozan, e que nós reproduziremos aqui oportunamente. Sabendo disso, a Prefeitura, através do secretário de Planejamento Marko Galeno, me propôs fazer uma montagem alternativa. Topei. Comecei a ensaiar em abril. Dificuldades mil. Principalmente quanto ao espaço para ensaiar. A prefeitura tem dificuldade de manter uma pessoa em condições de abrir e fechar o teatro para ser utilizado à noite durante a semana. A chuva impedia o elenco de chegar ao local. Um dia desisti da empreitada. O pessoal do elenco me procurou e ao Galeno e disse-nos que não aceitavam que eu desistisse de fazer a peça. Voltei atrás. Em dois meses acho que não conseguimos ensaiar trinta vezes. Na última semana de ensaio o elenco só compareceu em sua totalidade no ensaio que aconteceu no dia em que estava previsto para acontecer a estréia, adiada porque o cenógrafo não tinha aprontado o cenário, ensaio que foi decisivo pro elenco se tocar da responsabilidade de fazer o espetáculo, principalmente porque foi feito no local da apresentação. Houve momentos de tensão entre mim e o elenco. Perdi o controle e fui grosseiro com os garotos em pelo menos uma ou duas vezes. Em teatro isso acontece. Gritos, xingamentos, baixaria. Dia seguinte todo mundo se conscientiza que tem que mudar em alguma coisa. Muda e se convence que tem que ter mais profissionalismo, afinal todo mundo está trabalhando sob a promessa de ser remunerado pelo serviço prestado. Depois das apresentações, a etapa final:receber o pagamento. Prometido pela Prefeitura para esta semana. O que o pessoal que assistiu à peça disse do espetáculo? De um modo geral, todo mundo gostou. Eu achei que poderia ser melhor, mas não foi mau, não me envergonhei de ter feito. Se fizer novamente, vou fazer melhor. (ZAN)

A ARTE DIFERENTE DE AMARAL

Antonio Amaral nasceu em Campo Maior há uns bons anos. Mais novo do que eu já é avô. Conheci-o em seguida ao Netto através do Bitorocara. Fiquei espantado com sua arte. Trocamos farpas jocosas e cordiais em comentários nesse blog e no seu Setcuia. Quando me encontrei pessoalmente com ele em Teresina, fiquei encantado com sua simplicidade e despojamento. Deu-me duas revistas em quadrinho de sua lavra. Puro quadrinho cabeça. Demais. Antonio Amaral é um dos mais importantes artistas plásticos do planeta, sem exagero. Já ganhou prêmio internacional. Breve vai expor em Coimbra, Portugal. Olhei no olho do cara. O cara tem um olho diferente, até a cor é diferente. Fiz-lhe perguntinhas à toa, respondeu com presteza. Antes li uma entrevista que deu para o poeta Elias Paz, que está nesteendereço:htto://eliaspazesilva.vilabol.uol.com.br/indexhum.htm. Vão lá e conheçam mais a arte deste talento nascido entre nós em 1962. Abaixo a entrevista. As reproduções que ilustram a matéria podem ser baixadas (ZAN)
Zan - Desculpa a ignorância, amigo, mas o que é mesmo Hipocampo?
Amaral - O hipocampo é um jeito de olhar, uma forma de ver as coisas; um universo paralelo.
Zan - Quando foi que você. começou a espantar as pessoas com tua arte?
Amaral - A partir do momento em que ela me espantou
Zan - Quando você vai dar oficinas pra garotada, mostra antes tua arte pra eles?
Amaral - Muito difícil. Mostro os clássicos, e faço alguma demonstração do processo de execução, para que eles compreendam suas etapas. Quase sempre me pedem que leve alguma coisa, atendo sempre.
Zan - Eles não ficam com medo de você. ensinar aquilo pra eles?
Amaral - A única etnia que tem medo deles são os racionais, cartesianos
Zan - Você conseguiu dar oficinas em Campo Maior?
Amaral - Nunca. Certa vez, quando o Marco Bona era prefeito, na ilusão de que era um cara novo, com a possibilidade de perceber a importância da expressão artística para o ser humano, levei um projeto de um grande painel, a ser montado da praça Bona Primo, o cara não deu a menor importância. Ainda pretendo fazer alguma coisa pela cidade, uma oficina seria o mínimo.
Zan - O que significa pra você ter nascido em Campo Maior? O Netto acha que só um cara nascido em Campo Maior pode fazer a arte você. faz. Que é que ele quis dizer com isso?
Amaral - Significa a dádiva e o poder de alargar horizontes, a começar pelo foco, ainda hoje tenho obsessão por planos gerais. seus tabuleiros de carnaubais compõem um cenário inusitado e isso tem uma grande importância em minha formação. Sua paisagem, seu cenário foi a primeira noção de liberdade.
Zan -Netto de Deus me disse que só um cara nascido em Campo Maior faria a arte que você faz. Que é que ele quis dizer com isso?
Amaral -Neto acredita, que Campo Maior tem uma janela para o infinito, para o absoluto, é uma relação legítima e compreensível de quem andou muito e teve a visão de fora, pode ver sua aldeia de cima e mensurar sua importância.
Zan- O que é que Campo Maior ainda significa para você?
Amaral - Seria uma hipocrisia dizer que a cidade ainda me encanta. A forma como me afastei e o isolamento da cidade, me descompactou de sua gente. Hoje me sinto um estranho, mas sei da sua importância, principalmente como cidade histórica. Acho que campo Maior deveria ter um projeto turístico onde se fizesse uma reconstituição do caminho de Fidié, um trilha, assim como também, ou mais importante ainda, a reconstituição do caminho do Leonardo, dos líderes da batalha.
Zan - Essa é pra fingir que entendo alguma coisa de pintura: tua arte tem influência de Jerônimo Bosch ou de Salvador Dali ou daqui mesmo?
Amaral - Quando era menino, gostava muito de Dali, mas depois fui percebendo a sua limitação estética, era um pintor de técnica muito acadêmica, acho que hoje estou mais pra Bosch.
Zan - O que é você. acha mais bonito e te atrai em Campo Maior?
Amaral - O açude, quando tinha as cacimbas, era ainda mais onírico. Tinha uns ciganos belíssimos que acampavam na beira do açude, vez por outra. O açude ainda guarda um pouco de poesia. Aquele ninhal que antes não havia, que fica ali, no mucuripe, é uma forma reveladora de sua importância.
Zan - E de mais feio, além da barriga do Mangureba?
Amaral - 0 Mais feio foi a forma como eu sai, foi terrível, nunca mais dei as caras. Sofri tanto com a apartação que fiquei com receio de uma recaída, não vejo outra explicação para essa atitude vergonhosa, acho que no fundo foi uma autodefesa. Tem uma coisa positiva nisso tudo, desde que vim para Teresina, em 75, nem para os festejos, eu voltei, a memória que guardo é preciosíssima, barba-da-veia, tripa de porco frita, balões, muitos balões, calça us top nova, aluá..., isso tudo tá preservado na memória.
Zan - O que é preciso para se fazer uma exposição de tua arte em Campo Maior?
Amaral - Só precisa ter alguém mais, além de você, que tenha interesse por ela.
Zan– Amaral, você nasceu em Campo Maior e passou parte de sua infância aqui. Fale dessa experiência, de sua família, do que isso significou para sua arte.
Amaral- Fui criado pelo meu tio-avô, ele foi o meu pai, Luiz Pinto, o quitandeiro, tudo que aprendi devo a ele e minha mãe Maroca, dois velhinhos. Eram pessoas muito simples, minha mãe tinha o hábito de ler para mim, lia a história de Sansão e Davi, era muito esperta, sabia do meu interesse por histórias em quadrinho, acredito que por isso me lia essas histórias. Meu pai nunca me deu um conselho, nunca me disse o que deveria ou não fazer, mas me tornei muito parecido com ele, por osmose. Era um homem muito pacato e de pouca conversa. Adorava criança, rede de tucum e torrado (rapé), só não herdei o torrado, minha venta já me dá muitos problemas.
Zan – Quando você começou a desenhar e como chegou ao estilo atual?
Amaral- Tudo começou com os quadrinhos, aprendi a ler escrever e desenhar por conta deles, fui levando isso ás últimas consequências até desaguar nessa linguagem, que é o resultado de todo o meu repertório mais a obsessão pelos quadrinhos.
Zan – A tua arte é extremamente diferenciada, por isso é apreciada onde é vista. O que significa isto para você?
Amaral- Significa que nada é determinantemente nosso, nem a nossa expressão artística. Tudo nos é, de uma certa forma, dado. Por isso acredito que não podemos cobrar nada de ninguém.
Zan – É preciso entender de arte para apreciar arte?
Amaral -Negativo. A arte habita a relação, e se dá no campo do emocional. Portanto é uma troca entre sujeito e objeto, uma troca de olhares. Onde o sujeito faz o papel de objeto e o objeto faz o de sujeito. Esse é o mistério
Zan – O leitor médio de história em quadrinho é capaz de ler as revistas de história em quadrinho que você publicou?
Amaral- Uma vez, uma professora levou uma de minhas HQ para uma sala de 5 série, o comentário foi surpreendente.
(Entrevista concedida por e-mail, entre 22 e 27 de abril de 2009

A INSEGURANÇA NA CIDADE É REAL E SE VÊ

-Sexo seguro em lugares ermos da cidade é coisa do passado, não é amor?
-O cara desce da moto só pra perturbar quem quer amar em sossego... caraca!

Aqui já me acostumei a ouvir relatos de assaltos e roubos. Alguns desses são hilários de tão toscos: um garoto de aproximadamente dez anos desfilava da casa de seu pai pra de seu avô ali pelo conjunto Antonio Almeida, um rapaz de seus quinze anos chega no garoto e lhe toma o celular. A notícia se espalha pelo conjunto e o pai do garoto sabe que o ladrão está tentando vender o celular e termina sabendo pra quem conseguiu fazer isso. Vai na casa do pai do comprador e lhe diz que o celular que comprou por 50 reais é de seu filho. Entre devolver o celular alheio roubado que comprou e se ver enredado no crime que isso configura, prefere a primeira hipótese, obviamente. O ladrão mora na redondeza e fica tudo por isso mesmo. Parece brincadeira contada dessa maneira, mas foi realmente isso que aconteceu. Esses pequenos delitos que acontecem já fazem parte do cotidiano local. Já os assassinatos, que acontecem com uma regularidade impressionante, em média, um a cada vinte dias, esses me assustam mas como envolve gente pobre ou com passagens pela polícia, não repercutem muito. Durante os festejos houve um ostensivo esquema de segurança como nunca te visto antes na cidade. Em função disso as estatísticas de assaltos ou roubos caíram lá pra baixo. Ouvi o relato de uma tentativa de roubo de um veículo. O ladrão, que provavelmente, não dirigia muito bem, assustou quem estava por perto quando em desabalada carreira saiu do local onde estava estacionado o carro, mas foi perseguido por motoqueiros e pego numa quebradas dessas por aí... O relato não deixa de ser hilário também, mas deixa um aviso claro. O policiamento ostensivo é praticamente inexistente quando não é festejo. Dia desses, no final de uma partida do campeonato piauiense, um amigo que assistia ao jogo ao meu lado, por minha solicitação, fotografou quinze policiais militares prestando segurança ao juiz do jogo. Quinze policiais pra proteger um juiz de futebol enquanto em algum lugar da cidade alguém era assaltado... Pergunta-se:quanto do efetivo policial local eram esses quinze policiais? Estamos preparando uma matéria sobre segurança na cidade, e publicaremos junto a foto dos quinze policiais no Deusdedit Melo, mas as autoridades policiais se manifestarão sobre o problema. Sinto vontade enorme de sair por aí pelas quebradas sozinho, principalmente à noite, mas é risco quase certo de ser assaltado, Campo Maior não é mais o Campo Maior seguro de outrora, como qualquer lugar por esse mundão de Deus. A cidade cresceu muito e nas periferias vive gente que acha que cair na criminalidade é a única alternativa pra sobreviver, infelizmente.

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