Uma aventura chegar a Boa Hora, ex-povoado do município de Campo Maior, hoje cidade emancipada, 65 quilômetros daqui. De moto, na noite de segunda, 3/01, chuva desde que saímos da BR, eu e meu amigo professor Kaká, chegamos ensopados, procuramos nosso amigo professor Gilson Resende, a organização por trás do festejo, com toda a sua família, pai, mãe, irmãos, sobrinhos, o homem estava na localidade Mato Seco. Lá não lhe achamos mas registramos com fotos, vários bois chegando às casas, tocando e dançando. Algo emocionante e indescritível. Vejam pelas fotos. Voltamos pra cidade e achamos Gilson na varanda da casa de seu pai, ZéPingo e seus parentes e amigos. Ficamos de voltar na manhã seguinte. De volta, mais chuva, chegamos por aqui pela meia noite. De manhã, pegamos a estrada de novo e aí o drama foi o pneu traseiro da moto, furando e a gente parando na estrada, remendando a frio e a quente, até que chegamos lá por volta de onze horas. Gilson já tava lá esperando com aquele seu jeito tranqüilo e meio cansado e feliz de quem tinha virado a noite cuidando e vendo tudo. Tinha uma equipe de televisão, a tv Antena 10, de Teresina, registrando tudo e mandando tomadas ao vivo da cidade, para o mundo. Eu não conhecia o reisado e fiquei encantado com o que vi. Realmente é algo para ser visto e vivido enquanto se viver. Encerro citando a fala do professor Gilson Resende:”A satisfação que a gente tem de ver essa arena cheia de gente, setenta por cento de gente pobre e humilde que passa o ano no cabo da enxada e tem esses momentos de visibilidade social, não tem nada que pague, vale todo o sacrifício que a gente faz para que isso aconteça”
Bem lembrado caro Zan, dia 6 de janeiro é dia de Santo Reis. Diz a tradição que quando os reis magos Gaspar, Belchior e Baltazar viram a estrela de Belém no céu eles foram ao encontro de Jesus, que havia nascido, como presente levaram ouro, incenso e mirra que simbolizam a realeza, a divindade e a imortalidade, desde então é uma das festas culturais mais ricas do folclore brasileiro, inclusive hoje no povoado Riachinho-Ma é comemorado este dia com muita comida, missa, reizado, procissão e à noite um arrasta-pé.
ResponderExcluirComo vc mesmo frisa, valeu o sacrifício.
Por falar na festa dos Santos Reis, eu me recordo da forma como era comemorada em Campo Maior. Desde a data do Natal até o dia 6 de janeiro, a família Napoleão Paixão saía às ruas, altas horas da noite, como um pequeno conjunto musical, acordando alegremente as pessoas, em suas casas. Os músicos aproximavam-se das residência executando uma peça muita lenta, harmoniosa, tristonha, para, em seguida, tocar umas valsas muito conhecidas do cancioneiro nacional. Eu, como se neste instante ouvisse a bandinha, confesso que, particularmente, achava admirável aquela manifestação folclórica, de cunho religioso, de nossa terra. Na noite em que seguiam outros rumos da cidade, distantes da minha rua, e eu despertava, no dia seguinte, sem que tivesse escutado o Reisado na madrugada anterior, era motivo de decepção. Mas tudo passa. Nada perdura. O andar da civilização se encarrega de mudar os costumes. E apenas restam lembrança e saudade. A vida se transforma para melhor ou para pior?
ResponderExcluir