Por Aldir Blanc*
O ex-amigo Guttenberg Guarabyra me esculhambou no site de um semanário pelo simples direito de declarar meu apoio a uma candidatura. Depois mandou um e-mail para meu advogado. Nele, disse que gosta muito de mim, e que não sabia como sua mensagem particular se tornara pública. Deixa eu ver se entendi: Guarabyra só ofende as pessoas de quem supostamente gosta em particular, não em público? É isso? No meio das sandices, me chama de covarde.
Trabalhamos anos e anos nas lutas autorais, sob o comando incansável e divertidíssimo do melhor de nós, Hermínio Bello de Carvalho. Guarabyra sabe que eu não sou covarde, mas, quando fui processado recentemente, pedi a ele uma declaração. Ele respondeu: claro, evidente, sem a menor dúvida... Na semana seguinte, quando telefonei atrás do papel, roeu a corda e disse que não mais o daria, "a conselho do advogado". Deixo aos leitores o julgamento de quem é covarde.
Numa pergunta de rara estupidez, Guarabyra me interroga: "Quem é você para falar de torturados e mortos?". Ô trouxa, eu cuidei, como médico, de dezenas deles: torturados, familiares de torturados, parentes que tiveram seus entes queridos entregues em caixão lacrado no velório pelos esbirros da ditadura. Os raros que burlaram as ordens de não abrir o caixão, encontraram os corpos mutilados e retorcidos, jogados como animais lá dentro. Mais uma: o jornalista Hugo Sukman nega categoricamente a versão atual de Guarabyra sobre a ordem dos entrevistados na matéria que gerou o processo contra mim. E agora? Você é covarde e mentiroso, ou está só confuso?
Esclareço que encerro aqui minha participação nessa idiotice, mas deixo uma sugestão: enfia a Margarida na bagagem e passa uns tempos em Bom Jesus da Lapa. Você era mais claro quando veio de lá. Até nunca mais.
(*) Aldir Blanc é médico compositor
(Extaído do Globo em 09/11/2010)
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