sábado, 20 de novembro de 2010

POR QUE AS PESSOAS SE PROSTITUEM?


Num sistema capitalista, onde se oferece mercadorias ou serviços em troca de dinheiro, o comércio de sexo, dito assim dessa maneira crua e direta, tem as mesmas características básicas de qualquer negócio, ou seja, prevalece aqui também a lei da oferta e da procura. Só que entre uma coisa e outra, há coisas menos ponderáveis do que o ato de se pagar pra fazer sexo. Dois seres humanos se envolvem nisso e aí entram os ingredientes tipicamente humanos de alguma forma de envolvimento emocional como em qualquer outro tipo de relacionamento amoroso “normal”, onde, pelo menos explicitamente, não rola coisa como dinheiro. Sim, porque as relações humanos podem estar de tal maneira impregnadas pela lógica capitalista do lucro e do ganho e do levar vantagem em tudo, que alguns acham até que qualquer tipo de relacionamento dito ou tido como amoroso é movido pela mecânica do “pagamento”, à vista ou módicas prestações a perder de vista... Cinismo à parte, quem já passou por relacionamentos na vida, casamentos, rolos, amigações e ou o estranho e pós-moderno “ficar” dos dias de hoje, sabe do que estou falando. Mesmo sem se ser fanáticos por jogos de avaliação de custos benefícios de todo tipo de relacionamento que se teve na vida, hoje está na cabeça de todo mundo que já os viveu, idéias do tipo “valeu à pena?”, “investi tanto nisso e olha no que deu...” ou o precavido “será que vale a pena investir nisso...?” No caso da prostituição, a coisa é menos complexa porque tudo se dá à luz dos olhos e dos sentidos e tudo é resolvido com o dá lá toma cá que quem conhece sabe como se dá, mas... tem muito coisa aí do que simplesmente isso... ou não? Acho que foi um maluco como Tim Maia que disse que o Brasil é um país tão estranho que puta se apaixona, amante tem ciúme do marido da adúltera, isso sem falar no garotão de boa família que simplesmente se envolve com uma mulher da vida e faz loucuras por conta disso (isso pelo menos já foi mais comum em outros tempo...), lembrando aquela velha história do sujeito que dizia sem nenhum pudor, querendo impressionar a platéia que “tinha a vida envolvida na vida de uma mulher da vida...” Quem é do meu tempo se lembra dessa frase de efeito, dita pelo maluco que realmente vivia essa situação... Tenho um amigo que é tão desastrado em sua vida amorosa que certa vez me confessou que já tinha levado fora até de prostituta (dá pra imaginar o patético da cena, mas o sujeito falou pra moça algo como “vamos morar juntos...?” ao que a moça retrucou sabiamente “não vai dar certo...”) Folclores à parte, hoje a prostituição não tem mais aquelas características clássicas daquelas moças enfurnadas, quase diria confinadas naqueles antros chamados bordéis ou lupanares, como lembram os saudosos daquela zona planetária da antiga rua Santo Antonio, os mais velhos do que eu, principalmente. Hoje tudo mudou, mas basicamente continua do mesmo jeito, por paradoxal que pareça, talvez por conta de que há menos hipocrisia e a solidão de uns de um lado e a necessidade não só de dinheiro, mas um mínimo que seja de atenção e carinho, de outro, faz com que não se veja mais a prostituição como um cancro social que envergonhava a sociedade, como antigamente... As pessoas se prostituem ou se envolvem com prostituição porque nem todo mundo consegue manter uma relação dentro de padrões que estão cada vez mais ameaçados pela vida moderna... Nos países ditos civilizados, prostituição é uma profissão como outra qualquer... O jeito da prostituição é se adaptar ao jogo da modernidade, talvez... O agravante da prostituição hoje em dia é envolvimento das prostitutas com drogas, principalmente álcool... mas droga está em toda parte, infelizmente...

10 comentários:

  1. O que seria prostituição? A origem do fenônemo da prostituição não tem data precisa na história da humanidade, mas foi nas civilizações avançadas da antiguidade que se desenvolveu sob a forma tipicamente comercializada. É importante diferenciar as mulheres prostituídas de ruas e de determinadas zonas, que são empurradas para o holocausto do corpo e da alma por razões sociais e econômicas e culturais e as mulheres prostituídas de luxo que são incentivadas pelo poder de linguagem implícito na mídia, a idéia de sexo comercial. Em geral, são mulheres com um histório de sofrimentos e traumas, muitas destas vítimas sofreram na infância de abuso sexual, algumas são mães zozinhas que muitas vezes na adolescência vivem a realidade de educar e alimentar seus filhos, não obtendo apoio de seus entes próximos, amigos e tampouco do Estado. Existem outras que procuram abandonar a situação da pobreza e são iludidas com promessas de uma vida digna ao desbravarem fronteiras com o objetivo de economizarem dinheiro e construírem uma vida para si e sua família sem passar pela miserabilidade. Muitas também projetam suas emoções afetivas no homem estrangeiro, com a esperança de um relacionamento seguro resgatando-as deste anonimato.

    Enfim, se o projeto de lei do Fernando Gabeira que tramita no Congresso para legalização da prostituição, aí sem dúvidas, será uma zona total.

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  2. Se houver a intervenção do estado através de uma legislação, isso poderá ser benvindo, porque haverá o reconhecimento legal de uma atividade que não dá pra ignorar que existe; zona total é do jeito que está... Se essa legislação ajudar as pessoas envolvidas na prostituição, melhor pra elas e pra sociedade...

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  3. Zan, tu falou e falou e não deu solução nenhuma pra questão...

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  4. Âmigo Anônimo, tem quem ache que prostituição não é problema, é solução... principalmente pra quem vive dela... concorda? Admitir que eu tenha solução pra uma coisa que nem problema é, é superestimar meus parcos superpoderes rs rs rs... Agora, se a sociedade quisesse, como um todo, encontar com elas alternativas de sobrevivência para as pessaos que vivem de prostitiução, aí até eu seria capaz de me engajar em algo assim... Conhece-se hoje a experiência de um grupo de preostitutas que criaram uma grife chamada "Dasputas" e isso lhes dá emprego e renda fazendo roupa, que é algo que quase toda mulher tem jeito pra fazer, além de sexo... A mulher que encabeça esse movimento é uma que publicou recentemente um livro falando da experiência pessoal dela com a prostituição ou seja, entrou nisso por opção pessoal, é de boa família, curso superior, teve filhos e netos e ainda vive se prostituindo... confesso que tenho profunda admiração por essa e outras prostitutas que conheci ao longo da vida...

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  5. Se for só pra gozação, não é prostituição.

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  6. Seria a conjunção do prazeroso com o útil, é isso, Netto? Explica melhor tua idéia do comentário anterior pro comum mortal aqui...

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  7. Gente isso vai acabar dando nos gosto nesse baile de gala que o zan inventou aqui no blog dele. E vamo acabar com isso porque as pobres fazem esta profissão pra levantar 10 ou 20 merreis e o risco de doenças. O mundo desaba em riba delas. Enquanto isso a televisão enche os lares do Brasil de prostitutas de luxo e que são fantasiadas de apresentadora, mudelo não se sabe onde ou mulher fruta de todo tipo. O Neto mais uma vez se saiu com bem com a gozação. kkkk

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  8. Iranildes, vamos ver se eu entendi bem seu comentário. Não consigo ver o fenômeno da prostituição com essa dramaticidade toda, mas tudo bem, questão de ponto de vista. A forma como abordei a questão foi pra ver até onde eu poderia abordar o fenômeno da prostituição infantil com muito mais frieza e desemoção, porque é um tema muito mais pesado e eu tenho idéias meio diferentes do discurso oficial/oficioso sobre a questão. Será que o Netto quis no seu comentário achar que eu tava abordando a questão de uma forma jocosa?

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  9. De jeito nenhum, Zan. Ainda mais sabendo que temas carregados como esses sempre mereceu um trato cuidadoso da sua parte. Eu é que já estou broxa de ouvir tanto orgasmo hipócrita.
    Ponto pra Iranildes com relação aos "convidados do programa de hoje" de todas as TVs do Brasil. Um puteiro sem vergonha de ser escancarado! Faz nenhuma diferença do nazi ali de Santa Catarina vomitando sandices exatamente na hora do alomoço dos "manezinhos". Será que estas emissoras são mesmo só concessões?

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  10. Orgasmo hipócrita é do cacete, Netto, literalmente... Mas tanto a prostituição das ruas como dos programas de televisão, tudo cabe dentro da lógica capitalista da pós-modernidade do "a gente não quer só comida, a gente quer prazer..." da música dos Titãs... Agora, aqueles programinhas da Cláudia Gimenez mostrando as meninas com calçinha e sutiã no horário das nove é manhjado demais... tem razão, é meio deprimente mesmo...

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