quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

O lado inconveniente da democracia

Por Julian Arevalo
Antes dos escândalos que vieram à tona graças ao trabalho do WikiLeaks, a resposta tem sido a de condenar os meios pelos quais estes fatos foram revelados, e não os fatos em si. É a típica prática de matar o mensageiro que traz más notícias, e é uma clara falta de atenção para os verdadeiros problemas subjacentes. Como afirmado por Assange em referência a "Murder Colateral": "[O vídeo] envia uma mensagem que algumas pessoas dentro das Forças Armadas não gostam do que está acontecendo." Mas a solução tem sido a de silenciar as vozes dissidente em vez de revisar as práticas que levam à insatisfação popular crescente.
O tipo de trabalho realizado pela WikiLeaks desempenha um papel fundamental no cenário da Web 2.0 em que vivemos hoje. Até há poucos anos o público estava longe de ter acesso à informação como era principalmente produzidos e processados por grandes empresas que possuem os meios de comunicação. Da mesma forma, era difícil para as vozes da oposição para chegar a muitos lugares, o que facilitou a manipulação das massas baseada em informações falsas ou interpretações convenientes. Com o surgimento das redes sociais, blogs, wikis e sites de compartilhamento de vídeo, entre outros, os cidadãos comuns tornam-se grandes produtores de informações e de opiniões e encontrar muitos espaços onde debatê-las. No entanto, somente com o surgimento de sites como WikiLeaks a capacidade de acessar informações em primeira mão aparece e, a análise precisa dessa informação será o trabalho de acadêmicos, jornalistas, analistas e usuários independentes.
Enquanto aqueles com intenção de esconder informações estão se esforçando para silenciar o WikiLeaks por considerá-lo uma ameaça à democracia, é da responsabilidade de todas nossas vozes lutar pela transparência nas práticas dos governos e empresas. Nós não podemos falar de democracia nas sociedades onde as pessoas não sabem o que seus governos fazem com o poder que foi dado a eles. E se nós não gostamos da informação nas mãos do público, então, de que democracia que estamos falando?

Julian Paul AssangeJornalista e ciberativista australiano é um dos nove membros do conselho consultivo do Wikileaks, um wiki de denúncias e vazamento de informações. É também o principal porta-voz do site. Assange estudou matemática e física, foi programador e hacker, antes de se tornar porta-voz e editor chefe do Wikileaks.

Julian Arevalo é um Economista e Cientista Política colombiano.
Caricatura de Julian Assange - João de Deus Netto.
(Extraído do blog Jenipaponews, do Netto, de Deus)

Um comentário:

  1. Julian Assange é o primeiro mito homem do século XXI... raqueiros do mundo, uni-vos!!! E ainda por cima, mulherendo e autoritário...

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