quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O ELEITORADO DE MARINA E O ELEITORADO DO PARTIDO VERDE

Nas especulações sobre o apoio de Marina Silva no segundo turno das eleições presidenciais, há um elemento que não vem sendo considerado pelos analistas até que saia a primeira pesquisa. Saindo essa abençoada pesquisa, vai se saber pra que lado pende o aparentemente progressista, aparentemente utópico, moderno, descomprometido, compromissado, posicionamento de Marina Silva. Vai ser o primeiro teste da capacidade de se adaptar às circunstâncias políticas da jovem senadora do estado do Acre. Agora ela vai ter mais dificuldades de esconder as personas (máscaras) disso e daquilo que vem ostentando desde o início de sua vida pública.
Marina Silva começou sua vida pública na mobilização de seringueiros; ela fazia parte desse grupo que  com a ajuda da Igreja Católica, se tornou vitorioso e produziu um líder como Chico Mendes. Marina Silva era uma jovem seringueira que se alfabetizou e cresceu junto aos movimentos católicos que apoiavam a luta dos seringueiros do Acre. Fez  seus estudos  em escolas da igreja, fez curso superior de História e virou professora, entrou para o Partido dos Trabalhadores, foi eleita vereadora de Rio Branco, deputada estadual, federal e senadora. Uma carreira brilhante, sem dúvidas.  Por conta disso, pelo seu comprometimento com causas ambientalistas, foi indicada para o Ministério do Meio Ambiente. Nessa trajetória abandonou a igreja católica e se tornou evangélica. É sintomático constatar que não foi a candidata mais votada  no seu estado natal.
Depois de cinco anos no ministério saiu declarando que as suas divergências com o  governo do qual fazia parte eram incontornáveis. Saiu magoada com o presidente Lula e com o PT, desfiliou-se do partido e filiou-se ao Partido Verde já se declarando candidata a presidente da República. O resto é história que não vale ser repetida, sem esquecer o fato de   que durante a campanha para o primeiro turno, bateu mais no governo Lula e na candidata Dilma, do que no PSDB e em Serra.
Com o resultado do primeiro turno e com uma votação superior àquilo que previam as pesquisas de intenção de votos, Marina se viu no dilema ainda não resolvido de apoiar um projeto de governo do qual saiu criticando ou apoiar um projeto de governo que ela criticou enquanto foi do Partido dos Trabalhadores. Isso significa que se ela não for desmemoriada, vai conseguir fazer a comparação entre as políticas ambientalistas de um e outro.
No meio do caminho, um eleitorado que lhe deu vinte milhões de voto e de quem não conhece muito bem o perfil.
O Partido Verde de Marina tem-se alinhado mais com o PSDB do que com o PT, seja aqui seja ali. Se depender do partido, esse eleitorado vota em Serra. Se depender de Marina  pode votar em Dilma. No PV Marina chegou de paraquedas já impondo sua candidatura a Presidente da República. É difícil se imaginar o partido impondo posição partidária a Marina.
Mas deixa sair a primeira pesquisa de intenção de votos para o segundo turno esta semana, que não vai ser nem preciso mais nem muito blá-blá-blá, nem  plenária com a sociedade ou convenção do partido...   
Porque Marina não é exatamente inocente e pura e besta de ignorar o que esse eleitorado quer dela no segundo turno... Sua rupturas com um passado que a projetou, da igreja e do PT, a levaram ao que é hoje, e a pergunta da vez é :
E AGORA, MARINA?


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Foto: Augusto Areal

OS NÚMEROS DO CONGRESSO NACIONAL

SENADO FEDERAL

A legenda que mais elegeu senadores foi o PMDB, que conquistou 16 cadeiras, Na sequência vem o PT (12); o PSDB (5); PP (3); PR (3); PSB (3); PDT (2); DEM (2); PSOL (2); além de PCdoB, PTB, PRB, PMN, PSC e PPS, que conquistaram uma cadeira cada.

COMPOSIÇÃO ATUAL:

Aliados do PT: 43

Oposição: 38

A PARTIR DE 2011

Aliados do PT: 54

Oposição: 27


CÂMARA DOS DEPUTADOS

Na Câmara, o partido da presidenciável foi o que conquistou o maior número de cadeiras, com 88 deputados eleitos. Já o PMDB, maior aliado do governo e partido de Michel Temer (vice de Dilma), elegeu 79 parlamentares – a segunda maior bancada da Casa.

COMPOSIÇÃO ATUAL:

Aliados do PT: 340

Oposição: 173

A PARTIR DE 2011:

Aliados do PT: 359

Oposição: 154
                                                     

3 comentários:

  1. GreenPeace à moda burguesa predatória. Até nisso o PV é falso. Só não deixam é que desmatem as plantações do alimento preferido dos seus medalhões: canabis sativa; marijuana etc.
    Depois desse relato biográfico eu também concordo, Zan: A Marina está com um problemão!
    Mas, e o passado de lutas contra essa gente com quem ela se envolveu (não se filiou) agora? E o nome nos documentos de construção do PT? O Flávio Arns, sobrinho do Dom Evaristo Arns, jogou o dele no lixo, sem constrangimento, porque ele nasceu na burguesia aqui do Paraná, se criou na burguesia de Curitiba e se infiltrou no PT pra ser senador, e deu certo.
    O que não é o caso da seringueira.
    E como fica a educação católica e o patrulhamento da congregação evangélica? Ou esta atual crença é falsa como o verde do PV? Ela vai sair é de fininho dos dois.

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  2. Acho que tudo o de que ela se desfez, foi achando que levava vantagem (Lei de Gérson), de alguma forma... Se levou ou não só Deus e a consciência dela sabem... Ela vai levar a tendência de trocar o que não lhe serve pelo que pode lhe servir melhor, pro resto da vida... E aí é que mora o perígo:uma pessoa dessas é confiável?

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  3. Se é verdade que Ciro Gomes é dedicado e leal com amigos e aliados, fica claro porque entrar na campanha agora. Por dever de lealdade, não podia jogar pedras em Tasso - tenho jatinho porque posso - Jereissati. O Lula foi ao Ceará, fez o serviço, e pronto. Tasso saiu do jogo. Sem Tasso, o caminho de Ciro fica livre para dizer o que pensa e, mais importante, o que sabe sobre o DEM e o PSDB, poupando Lula e Dilma.
    Ninguém do PT poderia fazer o que Ciro vai fazer, porque a imprensa trata o PT como uma coisa uniforme, indistinta. Qualquer ataque cairia no colo de Lula e Dilma. Quero ver a mídia bater de frente com Ciro Gomes...
    Este episódio revela a habilidade política do Presidente Lula no trato com os inimigos do Brasil. Com pequenas variações, o arsenal da direita está todo na mesa, seja por já o terem usado, seja pelas muitas especulações sobre o que mais poderiam fazer. Se as igrejas continuarem os ataques, Ciro pode sugerir que a maioria no Congresso conquistada nas urnas, pode ser usada para taxar as igrejas. Até o Silas Malafaia fará campanha para Dilma. E, se disser que a Secom está certa ao distribuir, proporcionalmente, as verbas publicitária do governo entre todos os meios de comunicação do país, a mídia ficará histérica por uns dias, até o Lexotan fazer efeito. Uma CPI no início do ano, para investigar as compras feitas no Brasil por um tal de Carlos Slim, fará com que William Simpsom e Lástima Bernardes usem bottons do PT no Jornal Nacional.
    A direita é mais furada que peneira.

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