Eu devia ter meus sete ou oito anos e ouvi alguém ler ali onde meu pai tinha uma mercearia, um armazém atacadista, na esquina das ruas Siqueira Campos e senador José Euzébio, um livro de poemas falando de pessoas de Campo Maior, pessoas que eu conhecia, meu pai, empregados de meu pai, Seu Augusto Pereira, Nonatim da Irá e outros... Pela primeira vez na vida ouvia alguém ler alguma coisa falando de pessoas que eu conhecia.. Não me lembro se eu já sabia ler, acho que não... Essas lembranças vão morrer comigo... De quem eram esses poemas? Do maior poeta popular que a cidade já teve, José Cunha Neto... Morreu ontem, por volta da meia noite. Fiquei sabendo por um portal da cidade. Corri na casa dele e lá encontrei minha amiga Ana Maria Cunha, sua mãe Da. Ana Cunha e seu filho (meu ex-colega de BB, José Cunha Filho) e a casa cheia de gente. Fiquei o dia por conta disso, sessão solene na Câmara dos Vereadores (Zé Cunha foi vereador em dois mandatos) e depois missa de corpo presente na catedral e por fim, o sepultamento no povoado Chumbinho, na zona rural do município, onde a maioria de seus parentes também está enterrada. ZéCunha vinha com depressão há mais de um ano, tinha perdido a alegria de viver. Teve a morte digna de um poeta.
O maior poeta popular de Campo Maior, um dos maiores do Piauí e, quem sabe, quiçá do Nordeste. Estive com ele algumas vezes, oportunidades que tive para ouvir suas declamações e seus discursos. Notável campomaiorense.
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