domingo, 9 de agosto de 2009

CAMPO MAIOR E SEUS ARTISTAS, UM MOTIVO PARA COMEMORAR O ANIVERSÁRIO...

NOSSOS HINOS – NOSSOS CANTOS

Elmar Carvalho

No CD Nossos Cantos, Nossos Hinos, cuja belíssima capa é do exímio artista plástico João de Deus Netto, Corinto Brazil se houve com maestria, revelando-se um regente de primeira grandeza, tanto na escolha do repertório, como nos arranjos notáveis que fez, e que emprestaram mais beleza e encanto às músicas que integram o disco. Corinto, que é um compositor e instrumentista de alta qualidade, impõe-se, agora, à nossa admiração como um maestro que soube extrair da Banda de Música Municipal Honório Bona Neto o máximo que ela poderia ofertar, motivando e treinando os músicos, de forma que eles atingissem um elevado nível, digno das melhores bandas de sopro. O coral também se apresenta no CD c om todo brilhantismo possível.
Esse CD retirou do esquecimento preciosidades do acervo musical campomaiorense, pois composições que marcaram época, como as valsas “Quanto dói uma ausência” e “A última filha” do major Honório Bona Neto, jaziam em total esquecimento. Reginaldo Gonçalves de Lima, no livro Geração Campo Maior, assinala que o músico, escritor e jornalista José Lopes dos Santos escreveu que, se esse ilustre campomaiorense tivesse nascido numa grande cidade, “a história pátria consignaria o nome de Honório Bona Neto entre os seus maiores compositores e instrumentistas”. Era o major Honório, literalmente, um homem de sete instrumentos, porquanto tocava vários instrumentos musicais. Essas duas valsas, encantadoras e melodiosas, sem dúvida poderiam figurar no cancioneiro nacional, ao lado de célebres composições desse gênero musical.
Aliás, é de se desejar que Corinto, com a ajuda dos campomaiorenses e do poder público, possa, numa segunda etapa, fazer um CD, inclusive com partitura, de preferência, das principais músicas do ilustre compositor Honório Bona Neto, cujas valsas, em determinada época, figuravam no repertório de várias filarmônicas do Piauí. Cabe, aqui, ressaltar que muitas peças musicais do maestro Velho Fabiano, de Batalha, e do genial Possidônio Queiroz, de Oeiras, foram resgatas através de maravilhosos CDs, que as imortalizarão, que farão com que a posteridade venha a conhecer as belas obras musicais legadas pelos nossos antepassados.
Corinto, através de engenhosos arranjos, fez com que o Hino de Campo Maior, de autoria da professora Valmira Napoleão Ibiapina, atingisse uma cintilação toda especial, o que também aconteceu em relação a outras composições, inclusive os excelentes hinos do Caiçara e do Comercial, compostos pelo caiçarino França Gomes, ambas do mesmo nível, agindo o compositor com invejável imparcialidade e profissionalismo. Essas duas composições futebolísticas nada ficam a dever aos hinos dos grandes clubes esportivos do Brasil. O dobrado Heróis do Jenipapo é uma composição de muita riqueza melódica, quase contendo, por assim dizer, micro melodias, que se encadeiam e se ajustam com perfeição, adquirindo, em certos momentos, timbres de música erudita, atingindo patamares melódicos de verdade ira sublimidade.
Recordo que o maestro Honório Bona Neto foi quem deu o poético e sugestivo nome de Zona Planetária ao prostíbulo da Rua Santo Antônio, em que cada cabaré ostentava o nome e a imagem de um planeta. Essa zona meretrícia, em sua singularidade, marcou época, sobretudo no apogeu da pecuária e da cera de carnaúba, quando meretrizes eram “importadas” de outros Estados, graças ao dinheiro dos coronéis do gado e da carnaúba.
Por último, para encerrar esta breve nota sobre o brilhante resgate musical efetuado pelo CD Nossos Hinos, Nossos Cantos, graças ao esforço e competência do regente Corinto Brazil, coadjuvado pelos excelentes instrumentistas e participantes do coral, estampo abaixo a minha homenagem à Lira de Santo Antônio e ao seu incentivador e benfeitor Antônio Bona Neto, o saudoso Antônio Músico:


CROMOS DE CAMPO MAIOR

Elmar Carvalho

VI

Festejo de
Santo Antônio do Surubim:
sob as estrelas do céu
sob as estrelas de lágrimas da pirotécnica
foguetes estilhaçam ruídos e silêncios
enquanto a bandinha do Antônio Músico
ataca com o (dobrado) Capitão Caçula
a fil(h)armônica do Antônio Músico
toca a valsa Coração Magoado
da autoria de seu pai
– Major Honório Bona Neto.
A bandinha do Antônio Músico
deflagra lentas valsas
lânguidos boleros
lépidas marchas
sob a batuta batuta
do seu filho Antônio Francisco
– maestro excepcional –
em sua cadei(a)ra de rodas.

6 comentários:

  1. Como nóis tamo em Campo Maior, essa capa aí do Cd deu o que falar. Né por nada não mais o maestro deu um cano no nosso amigo netto do bitorocara, teu amigo zan. Eu soube numa roda lá no bar do Alberto. Mais também confiar no Corinto só mesmo não morando aqui. Depois inda falam que nos somos fofoqueiro. Né não é que fazem por onde.

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  2. Ana Rosa de Sobradinho10 de agosto de 2009 às 05:44

    Sei não mais deviam botar o Corinto e os músicos da banda pra ensinar meninos e meninas das periferia nas artes da música. Era só o prefeito dá mais um troquinho para os músicos tomar um café mais fortificado que em pouco tempo a gente ia ver como tem menino bom jogado fora pro traficante. É só uma idéia de alguem que mesmo morando em Brasília se preocupa com minha querida cidade.

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  3. Gente, vamo manerar na maledicência, que arrisca não sair ninguém vivo dessa...

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  4. Fiz um projeto de banda de música juvenil para o Bnb, que me foi encomendado pela Loja Maçônica em que o meu amigo Marcos Pereira é Venerável. O Maestro é o nosso amigo Corinto Brasil. Se tudo sair nos conformes, ano que vem teremos banda nova em Campo Maior, com garotos da periferia não só aprendendo a tocar um instrumento e tendo direito a um lanche reforçado a cada oficina, além de trnsporte ida e volta para casa. O resultado sai em setembro próximo.

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  5. Queiroz - de São Luis - MA13 de agosto de 2009 às 05:08

    Zan, é só ficar de ôi no maestro mode ele não enssinar nota desafinada pros nossos futuros músicos. Com fé em Deus seu projeto vai deslanchar, vai ter que dar certo. A população de jovens desesperançozos de Campo Maior merece mais do que assistir banda de forró de gosto ordinário vindo de fora.

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  6. Corinto, como todo ser humano, eu, você, sua mãe, seu pai, tem defeitos e fraquezas tipicamente humanas e nem por isso merece ser crucificado como foi Jesus Cristo, talvez o único ser humano sem defeitos que pisou o chão desse planeta desesperado... Ah, sim, talvez por ter dito aos outros seres humanos que ele enxerga mais facilmente os defeitos dos outros que os seus...

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